OXUMARÉ
Médium Thiago LoboCompreender Deus é uma grande dificuldade para o homem. As religiões, dentro dos limites humanos, buscam explicar e ser uma forma de entrar em contato com Deus e tudo que é divino. A Umbanda, por herança dos cultos africanos trazidos pelos escravos, cultua os Orixás, que são os “braços” de Deus. São energias associadas às questões terrenas, que representam a atuação divina nas diversas vertentes de nossas vidas, como Oxossi está associado ao estudo e à sabedoria; Xangô, à justiça divina; Iemanjá, ao amor e à criação materna...
“Nas cores do arco-íris, ele vibrou para colorir o mundo e renovar tudo que existe...” Este é o Orixá Oxumaré (Oxumarê ou Osùmàrè), que é representando pelo arco-íris, significado do seu nome na língua Yorubá. Segundo as lendas africanas, é irmão de Obaluaê, filho de Nanã Buruquê.
É o Orixá de cabeça do exu guardião da nossa casa, Sr. Exú Mangueira. No Ação Cristã Vovô Elvírio - ACVE, são utilizados dois tipos de velas para esse orixá: a bicolor amarela e preta e a vela contendo as cores do arco-íris. É sincretizado com São Bartolomeu, um dos doze apóstolos do Cristo sobre o qual existem poucos relatos. Estes afirmam que ele teria ido pregar o evangelho do Cristo até na Índia. Festejado dia 24 de agosto, está pintado na capela Sistina, segurando o instrumento de seu suplício na mão direita e sua própria pele na mão esquerda. Michelangelo o representou assim, pois foi esfolado vivo, o que também remete à troca de pele, característica do outro símbolo que representa esse Orixá: as cobras ou serpentes.
As cobras e serpentes, normalmente, remetem as pessoas ao medo e coisas ruins. A história Católica da queda do homem no paraíso, ocasionada pela lábia de uma serpente, ainda traz a associação com a falsidade: “ele(a) é uma cobra”. Entretanto, a serpente associada a Oxumaré é o símbolo da renovação. Estes animais possuem ciclos nos quais trocam toda sua pele em certos períodos, renovando-se. É um período doloroso e demorado, no qual elas ficam mais vulneráveis. Quando elas são vistas pelos médiuns videntes, normalmente representam a limpeza e a proteção.
Além disso, um outro símbolo de Oxumaré é a cobra engolindo o próprio rabo, gerando o ciclo eterno de mudanças pelas quais sempre passamos. A nossa mudança sempre será feita por nós mesmos e, dentro desse processo, nós teremos que nos digerir para que seja possível criarmos um ser novo que futuramente também será digerido para ser renovado. Essa é a mudança constante da vida, dos planetas e do Universo, que nos tornará melhores, em períodos variáveis, conforme a capacidade e a necessidade de cada pessoa.
É a energia de renovação e transmutação que auxilia e impulsiona os processos que iniciarão as mudanças necessárias para nossas vidas. Muitas vezes são elas que impulsionam o propósito da encarnação dos espíritos: melhorar e seguir o caminho evolutivo, e não o caminho que queremos. Modifica e proporciona a criação do novo a partir daquilo que já cumpriu seu papel, trazendo os reinícios e encerramentos de ciclos, trazendo ensinamentos como perseverança, paciência, adaptabilidade...
Para Oxumaré, a mudança é o ciclo normal da vida. Ele atua na dualidade das leis terrenas. O macho/fêmea; bem/mal; positivo/negativo... É a energia que faz o contrabalanço energético que proporciona o equilíbrio. As mudanças acontecerão sempre. O universo é dinâmico assim como a nossa vida. Tudo se move e ele traz a energia que auxiliará o equilíbrio, mas também a energia que renovará as nossas forças e motivações para continuarmos batalhando, nas adaptações necessárias nos ciclos constantes de mudanças externas e internas.