AS VÁRIAS FACES DO AMOR

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O amor é a energia motriz cocriadora de tudo e todos no universo. Quase sempre nos deparamos com a famosa afirmativa “Deus é amor” e, geralmente, vem acompanhada da afirmativa de que fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Ora, se Deus é amor e nós somos parte d’Ele, logo, nós também somos amor. Fato!

Basta tirar um dia para contemplar o Universo que você perceberá que tudo vibra na energia do amor: o canto afinado das aves; a brisa serena que toca a sua pele; a pintura no céu delineada pelo pôr do sol; o movimento espiralado das ondas do mar; o sorriso gratuito das crianças; o choro descompassado de uma mãe; o abraço carinhoso de um velho amigo; o brilho pulsante de uma estrela; enfim, a manifestação da natureza em geral converge para um amor puro e sublime contido no balanço cósmico de nossa existência.

O amor tem várias faces. Percebem isso? Seria difícil mensurar todas essas faces nesse simples texto, aliás, a própria grafia utilizada para manter essa comunicação entre mim e o caro leitor é, também, uma das faces desse amor. Para os estudiosos e filósofos da Grécia Antiga, entre as muitas manifestações do amor, existem três cruciais que regem as relações humanas, são elas: Amor Eros, Amor Philos e Amor Ágape. Vamos descrever rapidamente cada uma delas para que você perceba a grandiosidade e complexidade da existência humana.

Comecemos pelo Amor Eros, um amor ardente, sexual, carnal. Presente, na maior parte das vezes, entre os casais de namorados, nos romances e paixões de duas pessoas que se atraem fisicamente. Muitas vezes, se manifesta como um tipo de amor capaz de cometer loucuras em nome de um desejo intenso e inconsequente. É um tipo de amor primitivo, porém fundamental, pois dele nasce o conceito de procriação e perpetuação das espécies.

Continuando nossa linha de raciocínio, deparamos com um segundo tipo de amor, o Amor Philos. Tal amor, também conhecido na Grécia Antiga como Amor Philia, manifesta-se na fraternidade e parceria das relações humanas. É um amor afetuoso que provoca uma sensação de carinho e cuidado por um indivíduo de muita estima. É um amor muito comum entre os membros de uma família, entre os amigos e pessoas mais próximas. É interessante registrar que a palavra “família” deriva-se do termo philia.

Por fim, temos o Amor Ágape, a forma mais sublime de amar. É um amor sem interesse: nada pede, apenas ama, chegando ao nível do sacrifício se preciso. Esse tipo de amor é muito comum nas mães que, na maioria das vezes, dariam a vida pelo bem de seus filhos. Outro exemplo desse tipo de amor, em um nível mais divino e incondicional, seria o amor bíblico de Jesus por seus discípulos e pela humanidade em geral.  

Possuímos essas três formas de amar intrínsecas a nosso ser, todavia precisamos de sabedoria e amadurecimento para conseguirmos desenvolvê-las, à medida que ganhamos experiência em nossa existência terrena. Muitos casais de enamorados costumam se extasiar, no começo de seu romance, pelo Amor Eros. Vivem uma paixão ardente e incessante, regada à sensualidade e desejo sexual. Com o passar dos dias, meses e anos, esse amor transcende, muitos dizem que o amor “esfria”, que já não tem mais aquele apetite sexual de antes, aquela empolgação em desvendar o corpo do outro. Geralmente esses casais se desvencilham depois de um tempo, acreditando que o amor entre eles acabou. Ledo engano, na verdade o amor evoluiu. Nessa etapa da relação, o que ocorre é uma fusão entre o Amor Philos e o Amor Eros, em que ambos se unem para criar uma relação de respeito e parceria entre o casal. O cônjuge já não está mais preocupado em realizar fantasias sexuais todo dia, afinal, com a manifestação do Amor Philos, é preferível ter uma noite afetuosa na qual o simples entrelaçar de mãos se torna mais importante, pois envolve demonstração de carinho e cuidado pelo outro.

Sabendo disso, caros irmãos, quando pensarem que a relação com seu parceiro ou parceira “esfriou”, reflitam por algum tempo e notem se o que ocorreu não seria uma fusão de duas faces desse amor e, caso seja, alegrem-se por isso, afinal, significa que a relação está evoluindo, podendo chegar à forma mais genuína de amar, a forma Ágape.

Lembrem-se: no fim de nossas vidas, quando estivermos velhinhos e nosso corpo já não conseguir acompanhar nossa mente e desejos sexuais, a forma de amor que nos acompanhará junto com nosso cônjuge será o amor Philos, um amor de parceria, companheirismo e gratidão pela presença do outro. Salve Oxalá.

Médium Iury Sparctton.

Não somos mais aqueles cujo amor imaginou a juventude eterna. Hoje, idosos, os corpos sem calor...O fogo da paixão agora hiberna.
Somente o amor, essa visão interna consegue ainda ver todo o esplendor da convivência cada vez mais terna em saudades diárias a compor e recompor, história por história, as imagens dos dias consumidos a fim de preservar mútua memória.
Mesmo que restem fatos esquecidos, no turbilhão da vida transitória, jamais se perderão, porque foram vividos.

(Valter da Rosa Borges)