HIERARQUIA NA UMBANDA
Médium Rogério BarbosaHierarquia é uma estrutura onde os elementos se organizam em ordem de importância, podendo significar também, mais especificamente: a distribuição ordenada de poderes. A graduação das diferentes categorias de funcionários ou membros de uma organização, instituição ou igreja.
Toda religião tem uma estrutura hierárquica bem definida, assim podendo melhor estruturar a organização, tanto social quanto religiosa, dentro do templo religioso. Dentro dos terreiros de Umbanda, existe organização e disciplina, além de todo um sistema que objetiva manter esta organização, subdividindo-se em parte administrativa e espiritual.
A hierarquia de um t erreiro é facilmente identificada: Pai-de-Santo (Mãe-de-Santo), Pai Pequeno (Mãe Pequena), Pai Menor (Mãe Menor), Cambono-chefe, Ogã, etc. O Pai-de-Santo/Mãe-de-Santo é quem dirige um terreiro de Umbanda e sua palavra tem a força da decisão. Ele é o responsável pela comunidade que se abriga sob seu teto e o seu Orixá será sempre o chefe espiritual do terreiro. Esta hierarquia decorre da necessidade de equilíbrio entre a liberdade e a autoridade, que geram a disciplina e as leis que regem essa disciplina. Cada terreiro tem suas normas, fazendo com que a disciplina seja consciente, livre e com base na razão e na compreensão, refletindo a afirmação da personalidade dos dirigentes.
Sobre a obediência à hierarquia, o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse: "Quem não sabe obedecer, jamais poderá mandar".
As decisões do Pai-de-Santo/Mãe-de-Santo interpretam a vontade dos espíritos responsáveis pelo terreiro. Logo, o respeito à hierarquia e a disciplina formam a união e a integridade mágica da casa espiritualista de Umbanda. Sem disciplina rígida e séria, uma Casa de Umbanda não prossegue seu trabalho sob os auspícios da Espiritualidade Superior. O que parece, às vezes, exagero no sentido da manutenção da disciplina, do respeito ao terreiro e aos Guias, do respeito à hierarquia constituída, constitui-se, na verdade, no grande para-raios à entrada de espíritos obsessores, zombeteiros, mistificadores que atuam criando confusões, brigas, desentendimentos, desânimos e a queda da Casa. Todo cuidado é pouco.
No plano espiritual, essa hierarquia é bastante respeitada. Os espíritos não se promulgam grandes sabedores e entidades poderosas. Digamos que um médium receba um Caboclo mais evoluído do que o Caboclo que trabalha com o Pai-de-Santo da Casa. Mesmo assim, aquele Caboclo mais evoluído irá se ajoelhar perante quem dirige o trabalho e prestar reverência, assim como seguirá as instruções que forem dadas, por respeito ao CHEFE dessa casa.
Não importa que agrade ou desagrade. Quem tem o espírito de amor e busca um Templo sério e a verdadeira espiritualidade, que conduz à evolução, compreende, adere. O médium de uma Casa que não tenha humildade para aceitar e cumprir as normas e regras, nunca vai estar inserido na egrégora espiritual desse local. A corrente é a grande força do Templo Umbandista. Tudo gira em torno dela. Se um elo dessa corrente estiver fraco, pode desestruturar todo o trabalho e dar acesso às energias negativas que, muitas vezes, prejudicam os trabalhos e os membros dessa corrente. Devemos sempre lembrar: "Ninguém é tão forte como todos nós juntos" (ideia do Feixe de Vara).
Diz André Luiz, pelo médium Chico Xavier que: "Caridade sem disciplina é perda de tempo".
Portanto, o que ocorre é que ainda falta muita humildade para os trabalhadores de Umbanda, fazendo com que eles sucumbam a suas vaidades e desperdicem tempo, manifestando péssimas manias e ações, ao invés de praticar a caridade espiritual.Deixemos que o guia faça o trabalho do jeito dele, sem afetações ou carências. Deixando o personalismo de lado, podemos aprender muito e servir humildemente aos nossos amados guias e mentores espirituais.
Pensemos nisso: “Quem entra numa casa, deve tentar adaptar-se às suas normas e fundamentos já existentes e nunca esperar que seja a casa a adaptar-se a quem entra”.