ORIGEM DE EXÚ NA UMBANDA

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Exu é a corruptela dos vocábulos yorubás Pambu Njila, embora foneticamente tenham derivado para a correspondente feminina de Exu - Pombagira. O Orixá Exu é o executor da lei, mensageiro dos demais orixás, especialmente de Ogum. Proveniente da mitologia das religiões africanas, o Exu cultuado na Umbanda Sagrada apresenta importantes diferenças com relação ao seu homônimo original. Todavia, o objeto deste estudo é apenas o papel de Exu na Umbanda.

O Caboclo Sete Encruzilhadas apresentou a Umbanda ao mundo no dia 15 de novembro de 1908, na sede da Federação Espírita de Niterói, ocasião em que tanto ele quanto o preto-velho pai Antônio se comunicaram por intermédio de Zélio Fernandino de Moraes. No dia seguinte, na casa de Zélio, fundaram o primeiro terreiro de Umbanda: a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade. Foi nesse momentoque Pai Antônio solicitou a sua cachimba, inaugurando o uso de elementos magísticos na Umbanda.

A partir daí, os trabalhos transcorreram normalmente até o ano de 1913. Então, o Caboclo apresentou um novo membro: o Orixá Mallet (pronuncia-se Malê), cujo nome significa “muçulmano”. Foi explicado que o papel do Sr. Mallet seria o de combater a magia negra, bastante comum e perniciosa naquela época.

Incorporando pela mediunidade de Zélio Fernandino e trabalhando intensamente na irradiação de Ogum, o Sr. Mallet trouxe consigo outros Orixás e estabeleceu um embate direto contra médiuns e espíritos praticantes da magia negra, libertando tanto suas vítimas encarnadas e desencarnadas quanto seus algozes.

Algum tempo depois (foi-me impossível estabelecer a data), o Orixá Mallet trouxe um novo personagem, o Exu Marabarô, que se tornou a primeira entidade de esquerda a se comunicar na Umbanda. A médium escolhida foi uma das filhas de Zélio, a qual passou a incorporá-lo a partir daí. Com o tempo, Sr. Marabarô trouxe outros exus da Europa, África, Ásia e Oriente Médio, bem como libertou vários espíritos das garras dos quiumbas. Todos que aceitavam - vítimas e algozes -, eram “exunizados” e incorporados às forças comandadas pelo Caboclo, desenvolvendo grandes falanges, de acordo com as características dos novos iniciados.

As atividades se intensificaram, novas tendas foram abertas e Orixá Mallet instituiu o ponto riscado, a sessão de descarrego e o sarapatel, oferenda aos Orixás. Pai Antônio orientou a confecção da primeira guia e a maneira correta da aplicação do amaci. O exu Marabarô compôs suas falanges dentro das linhas da Umbanda e as sete tendas foram consolidadas. Algum tempo depois, o Orixá Mallet suspendeu as comunicações por intermédio de Zélio, devido ao enorme desgaste energético que a incorporação provocava no organismo do médium. Mas o Exu Marabarô continuou a trabalhar com a filha de Zélio, desenvolvendo um labor de grande valor, conduzindo as sessões de descarrego, libertando muitos encarnados das obsessões e incorporando obsessores e quiumbas às suas falanges, oferecendo-lhes oportunidade de redenção nas hostes da Umbanda Sagrada, sob a bandeira do cordeiro de Deus.

Percebem-se semelhanças entre a criação da Tenda Nossa Senhora da Piedade e a criação do Terreiro Ação Cristã Vovô Elvírio. Quando encarnados, os exus Mangueira e Meia-Noite foram boêmios no Rio de Janeiro e muito amigos. Depois do desencarne, foram resgatados das regiões de sofrimento pelo Senhor Sete Porteiras. “Exunizados”, hoje são baluartes do terreiro.

Com o passar do tempo, o Sr. Marabarô assumiu grande importância junto ao Sr. Ogum e, sob as ordens do Caboclo das Sete Encruzilhadas, desenvolveu grande parte das atividades que os demais exus assumem nos terreiros de Umbanda. No ACVE, segundo a nossa apostila, essas são algumas marcas dos exus:

Cores: vermelha e preta
Bebidas: marafo (cachaça)
Dia da Semana: segunda-feira
Sincretizado: Santo Antônio (treze de junho)
Objetivo: evolução

Apesar da grande importância para as atividades mediúnicas, é preciso muita atenção das entidades dirigentes e vigilância dos médiuns, para evitar que quiumbas se passem por exus ou outros espíritos do bem.

A polaridade feminina de exu é a pombagira1. Trabalha bem as emoções das pessoas, equilibrando-as e protegendo seus médiuns. Além disso, tem igual responsabilidade e papel dos exus, no terreiro e junto aos frequentadores. Os médiuns precisam ficar atentos, para evitar que as pessoas não confundam os trejeitos e gargalhadas das pombagiras com vulgaridades e segundas intenções.

Hoje, a entidade Exu é respeitada a tal ponto que todas as atividades importantes da Umbanda são sempre iniciadas com saudação e fortalecimento das firmezas de Exu.

 

 

1Nota da Editora: no ACVE, acendemos vela nas cores vermelha e preta para os Exus e, para Pombagira, a vela toda vermelha.