SÓ ERRA QUEM É LIVRE PARA TENTAR

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Na atualidade, na maior parte do mundo, temos maiores liberdades e mais opções de escolha acerca da forma e do rumo que desejamos dar às nossas existências, podemos nos relacionar amorosamente com diferentes pessoas ao longo da vida; podemos optar por hábitos e gostos dos mais variados; é permitido às mulheres optarem por não terem filhos e aos homens por serem cuidadores de suas crianças, por exemplo, sem que isso nos categorize como “bons ou maus”, “certos ou errados”. Assim, a maior liberdade que possuímos é indiscutivelmente sinal de progresso.

Entretanto, para espíritos como nós, que ainda se encontram na infância da caminhada evolutiva, a liberdade vem acompanhada pelo medo das consequências que a responsabilização pelas próprias escolhas pode trazer. Neste ponto, nossa mente – atordoada pelos diferentes padrões sugeridos pela família, pela mídia, pelos grupos religiosos; e ainda pelos conselhos e exemplos de “sucesso” – se enche de indecisões, dilemas, e passa a desejar que o mundo exterior nos forneça as garantias necessárias para que possamos dar passos na direção de nossos desejos, suprindo o vazio provocado pela nossa insegurança e pela falta de fé.

A nossa falta de confiança na providência divina e, principalmente, nossa falta de confiança em nós mesmos dão origem às exigências de que “dê tudo certo” e “que tudo saia como o planejado”. Tornamos-nos rígidos, sem tolerância com o fracasso e com a frustração, temendo o erro e a derrota, que tão frequentemente visitam nossas relações e nossos investimentos. Agimos como se ordenássemos ao universo: “siga os meus desejos ou não saberei lidar com a vida como ela se apresentar”. Sem compreender quantas oportunidades perdemos quando deixamos de observar as bênçãos que a sabedoria divina nos oferece, permanecemos, então, observando o erro, aquela parcela do plano que “não deu certo”, que fugiu ao planejado pelas nossas limitadas e mesquinhas consciências. Esquecemo-nos de agradecer e nos paralisamos com cobranças e julgamentos. Preferimos as ilusões de controle e de poder, à humildade de nos reconhecermos apenas mais uma infinitésima parte da Criação, frágeis, pequenos em sabedoria e carentes de misericórdia.

As intempéries que perturbam nossos corações e pensamentos – nos dizendo “será que vai dar certo?”, “e se não der certo?”, “e se eu me arrepender?” – são sinais da irreflexão sobre as questões primordiais do espírito humano: “quem sou eu?” e “o que eu realmente quero fazer com este projeto chamado vida”. Há momentos em que nos encontramos diante de circunstâncias que nos solicitam o claro posicionamento e a decisão, que dependem das respostas que formos capazes de dar para tais questões primordiais, mas restamos paralisados pela insegurança e pela indecisão.

Na obra Os prazeres da alma – uma reflexão sobre os potenciais humanos (2003), o espírito Hammed, por meio da psicografia de Francisco do Espírito Santo Neto, faz as seguintes afirmações: “Só tropeça quem está a caminho. Só erra quem é livre para tentar”. Em outras palavras, o que o fraterno irmão espiritual deseja nos ensinar é o valor da experiência, da vivência e do exercício consciente de nosso poder de escolha diante das encruzilhadas e possibilidades da vida.

Portanto, busquemos nos certificar acerca da natureza de nossos desejos, da sinceridade de nossas intenções, da capacidade extraordinária de superação e aprendizado que todos possuímos, pois é inerente ao espírito humano. Procuremos a consciência de que somos apenas mais um ser em constante movimento e evolução, nem mais importante nem menos amado pela espiritualidade e pelo Criador do que qualquer outro, mas que a dádiva de viver a nossa vida como ela se nos apresenta é exclusiva e intransferível. Assim, não resta tempo para dúvidas angustiantes, cobranças repressivas, julgamentos inflexíveis, lamentações incontidas e indecisões que consomem os pensamentos: decida-se por ser espontâneo, sincero, consciente, flexível, tolerante e responsável, dessa forma, até o erro se transforma em oportunidade, a frustração se transforma em surpresa e novidade, a angústia se transforma em aprendizado.

Médium Luiza Vieira