SOFRIMENTO E EVOLUÇÃO

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“A dor é um bem que Deus envia aos seus eleitos. Não vos aflijais, pois, quando sofrerdes, mas bendizei, ao contrário, ao Deus Todo Poderoso, que vos marcou pela dor neste mundo para a glória no céu.” O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo IX, item 6.

 

 

 

É muito comum, em meios religiosos principalmente, o estabelecimento de estreita ligação entre sofrer e evoluir espiritualmente e, de fato, é bem tênue a linha que separa sofrimento de evolução no plano terrestre.

Se, por um lado, temos o exemplo do Cristo, Salvador da Humanidade, que sofreu desde preconceito e ofensas em suas peregrinações a serviço da divulgação da Boa Nova ao martírio do Calvário, tendo sido erigido a Governador Espiritual de nosso Planeta e se tornado modelo para seguirmos, a fim de buscarmos a perfeição moral; por outro lado, apesar de “a felicidade não ser deste mundo”, como nos ensinam os espíritos em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no próprio Evangelho encontramos passagens que nos enchem o coração de esperança ao ensinar que podemos caminhar na direção de substituirmos o aprendizado da dor pelo aprendizado no amor.

Acontece que, no estágio evolutivo em que nossas consciências se encontram no atual plano, ainda carregamos gravado em nossos espíritos o pesado fardo dos erros cometidos ao longo da jornada. No estado de encarnados, em razão do véu do esquecimento*, esse fardo se manifesta em forma de culpas, medos e traumas para os quais não encontramos explicações na vida atual e que, na maior parte das vezes, são inconscientes.

Temos ainda a considerar que o indivíduo que já chegou nesse nível de reconhecimento dos erros cometidos e passou a aspirar por mudança de seu mundo interior constitui quase o auge do que podemos alcançar perto de perfeição nesse plano atualmente.

É bem verdade que, como várias comunicações mediúnicas têm anunciado, estamos passando por um momento de transição planetária que elevará nossa atmosfera espiritual. No entanto, essa transição é um processo. A natureza não dá saltos e há que existir oportunidade para todos, pois fomos criados simples e ignorantes para nos tornarmos perfectíveis, já que a perfeição plena pertence ao Pai. Assim, praticamente todos nós ainda estamos na condição de espíritos reencarnantes que vêm à carne para expiar erros gravíssimos cometidos no passado, alguns que precisam mesmo reencarnar compulsoriamente, tal o estado de desequilíbrio a que chegaram.

Diante de tal cenário, Deus, em Sua infinita bondade e misericórdia, permite que sintamos as dores do corpo e da alma, para que com elas aprendamos as preciosas lições que nos levarão à ampliação da consciência na direção da essência Divina que há em cada um de nós.

Não aprendemos pelo amor, porque ainda não sabemos, não descobrimos o caminho. Assim como a borboleta precisa passar pelo lento e difícil processo que de larva a transforma em borboleta, precisamos ainda enfrentar, na caminhada da vida, os desafios que nos transformarão os espíritos e nos permitirão alçar voos mais leves, como a borboleta após o enclausuramento na pupa.

Espíritos ainda endurecidos, precisamos da dor para acessar o amor que existe em nós.

O sofrimento, no sentido de vivenciar alguns momentos da trajetória que se fazem mais difíceis e pesados, faz parte do processo. Mas é preciso salientar que podemos escolher a postura do bem sofrer, buscando a lição que cada situação vem trazer e percebendo que, quando o aprendizado chega, a dor desaparece; bem como precisamos ter cautela com o “mal sofrer”, postura de quem se martiriza, enaltece a dor, torna mais pesado o próprio fardo e se distancia do aprendizado que levará à libertação.

Sob essa perspectiva, Jesus veio à carne e nos ensinou o antídoto da paciência, da fé, da firmeza de caráter, passando Ele mesmo, com glória e louvor, pela dor neste mundo para nos ensinar que o amor é o caminho. Agora, cabe a nós a firmeza na caminhada para crescermos com as lições que a vida nos endereça e descobrirmos, cada um do seu jeito e no seu tempo, que podemos almejar e alcançar a posição de quem já sabe reparar e aprender pelas vias amorosas do coração.

Enquanto esse momento não chega, sigamos com esperança, fé e caridade, alimentando o sentimento de gratidão à vida. 

“(...) O fardo parece menos pesado quando se olha para o alto, do que quando se curva a fronte para o chão.

Coragem, amigos, o Cristo é o vosso modelo. Sofre mais do que qualquer um de vós e não tinha a se censurar, enquanto que vós tendes vosso passado a expiar e vos fortalecer para o futuro.(...)”  O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo IX, item 6.

Médium Fernanda Rocha.

 

*Véu do esquecimento (ver O Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo V, item 11).