A AUTOACEITAÇÃO: Uma oportunidade para reforma íntima?

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Sim... o mundo anda tão complicado.  Como poderíamos alcançar a tão desejada paz entre os homens, quando tantas vezes travamos constantes brigas e entraves conosco, em nosso universo particular, recusando o nosso verdadeiro ser? Entendo. Cada um carrega em si a própria história: vitórias, derrotas, alegrias e dores que apenas seu próprio coração tem dimensão do que realmente pode significar. Então, peço licença para aqui tratar de um estudo (e também desafio tão próprio quanto o percurso de cada um). Não como resposta ou solução. Trata-se apenas de uma oportunidade que, respeitosamente, gostaria de compartilhar... para reflexão, caso interessar.

O amor, quando se apresenta como base dos principais mandamentos, pela premissa “amar Deus, de todo o coração, de toda a alma, de todo o espírito e amar o próximo, como a si mesmo[1], propõe-nos o exercício da caridade, da paz, da convivência fraterna entre irmãos. Poderíamos caminhar rumo à construção de um mundo melhor? Também. Mas, não só. Se por um lado, como quem está matriculado em uma grande e complexa escola, as experiências de convivência na Terra fazem parte da evolução do espírito. Por outro, a coragem de acolher e de trabalhar as próprias fraquezas e, principalmente, de voltar a consciência para si surgem como um exercício tão urgente quanto fundamental para nosso aprimoramento pessoal, assim como do próprio Planeta. Por isso, a reforma íntima é uma opção no sentido do progresso moral. E o desafio de melhorar-se intimamente pode ser realizado por meio do exercício da autoaceitação. Por que isso? Muitas vezes, ao procurarmos orientação e conforto para as inúmeras dores que nos angustiam, as entidades de luz que trabalham em nossa Casa nos motivam a refletir sobre o segundo mandamento e nos ajudam a melhor compreender tal ensinamento. Geralmente, chegamos à conclusão de que “como a si mesmo, devemos amar o próximo”. Para tamanho desafio, incialmente o amor precisa ser cultivado e florescer em relação a nós, “o próximo mais próximo”. Lei divina e natural do Universo[2], o progresso traz consigo esperança, sentimentos positivos de que as dificuldades da existência, além de não aleatórias, não serão em vão. Também traz consigo um conjunto de desafios que irão pôr em prática tal oportunidade para o aprimoramento. Assim, é a reforma íntima uma “chave mestra para o sucesso de sua melhora interior e, consequentemente, de sua felicidade exterior[3]”.

Tudo bem... o que significa autoaceitação? Reconhecer e aceitar o que somos e como somos neste momento para, a partir daí, identificarmos o que podemos mudar, solucionando assim os conflitos existenciais.  Por isso, é preciso cuidado para não confundir o termo com um modo conformista e triste de receber as situações da vida e a forma como me relaciono com o que acontece. A autoaceitação não significa adaptar-se, mas uma maneira nova de “encarar” as circunstâncias da vida, para que a “força do progresso” encontre espaços e não mais limites[4].

Ok... onde encontro isso? Então, no caso, em você mesmo, pois é um processo e um trabalho de cada SER para seu aprimoramento individual, mas que tem impacto coletivo, pois “a desunião consigo não pode trazer união com os outros[5]. O que eu posso fazer? caminho é universal. A forma de caminhar, porém, é essencialmente individual, particular. De todo modo, uma opção seria começar “admitindo realidades”. Só conseguimos modificar aquilo que admitimos e que vemos claramente em nós mesmos. Neste sentido, tem-se a importância de escutar os sentimentos, não para adotá-los, mas para compreendê-los de modo amigável. Os sentimentos permitem uma conexão com a consciência, campo vinculado a nossa verdadeira essência.[6] 

Outra ação consiste em “avaliar acontecimentos”, renovando o sistema de crenças. Elas são construídas desde nossa infância e com base na opinião alheia e, convenhamos, “quanto mais nos preocuparmos com a impressão que causamos aos outros, menos descobriremos quem realmente somos[7]”. Assim, é importante refletir sobre os rótulos, rever as verdades e ponderar. Compreender-se e acolher-se, estabelecendo um diálogo consigo: “Posso refletir e me perguntar o que eu estou criando para minha vida agora? O que eu realmente quero? Eu posso assumir responsabilidade sobre este sentimento negativo e utilizar essa mesma força que criou a dor para criar algo mais congruente com a minha natureza?[8]” Quero, mas preciso de ajuda para tal? Tudo bem. Quando a vontade da mudança motiva novas atitudes...

Eureka! Como seres em evolução, reconhecer e compreender imperfeições para “promover mudanças” faz parte do processo de aprimoramento. Desse modo, “já não é necessário ficar entre as alternativas da autoaceitação e autoleniência, ou arrependimento e ódio por si mesmo. Como uma força, uma coragem que tem como primeiro passo a aceitação da cegueira, da ignorância, das imperfeições que ainda existem. O dilema só aumenta a vontade de mudar. [9]”. Desse modo, é necessário olhar para si, aprendendo a lidar com o contraditório.

A autoaceitação como oportunidade para a reforma íntima faz do dilema e do sofrimento gerado pelas imperfeições uma força que impulsiona essa modificação interior, capaz de promover processualmente a maturidade e o aprimoramento espiritual. Ah, bom! Tranquilo tudo isso? De modo algum, caro irmão...cara irmã. Podemos entender que se trata de uma questão relacionada ao projeto divino e ligada ao plano reencarnatório. Por isso, naturalmente, o assunto é complexo, particular e tão único. Ainda assim, ao acreditar que é possível nos tornarmos melhores, a partir de nossas ações, construímos diariamente o que chamamos de “futuro”. E eis que surge o presente, oportunidade real de caminharmos em harmonia com a proposta divina chamada evolução.

  Médium Karina Fernandes.



[1] Fora da caridade não há salvação em O Evangelho Segundo o espiritismo. Allan Kardec

[2] A lei de progresso em As Leis Morais. Rodolfo Calligaris.

[3] Fundamentos da Reforma íntima. Abel Glaser pelo espírito Schutel

[4] A arte da aceitação. Renovando atitudes. Ditado por Hammed

[5]Paletras de Pathwork.  Eva Pierrakos

[6] Escutando sentimentos: A atitude amar-nos como merecemos. Wanderley Oliveira

[7] Aceitação em Os prazeres da alma. Ditado por Hammed

[8] Como está seu sentimento de autoaceitação? - Indesp Instituto de Desenvolvimento Pessoal - https://omundodegaya.wordpress.com/tag/auto-conhecimento/

[9] Palestras do Pathwork. Eva Pierrakos

*Frase internet