MENTE HUMANA
Médium Thiago Lobo.“Dubito, ergo cogito, ergo sum.” – Eu duvido, logo penso, logo existo. Assim, René Descartes, ao duvidar de sua existência, concluiu que, apenas no fato de questioná-la estaria a sua comprovação. O pensar sobre a existência comprova uma diferença entre os homens e os demais seres do nosso planeta: apenas nós, seres humanos, temos esta habilidade.
É essa capacidade de avaliar, criar, modelar, analisar tudo o que estamos inseridos que nos diferencia. Alguns animais apresentam alguma inteligência, chegando a níveis que podem até ser comparados a seres humanos de alguma certa idade infantil. Mas isso não se trata de pensar, pois outros animais não são capazes de avaliar a situação e tomar uma decisão. Assim como uma criança começa aprendendo baseada em resoluções de situações mais simples que vão ocorrendo, os animais também o fazem. Porém, a criança, com o tempo, desenvolve a capacidade de não apenas reagir, mas de questionar, de duvidar, por fim, de pensar!
A capacidade analítica diante do que o cerca fez com que o ser humano melhorasse sua “estadia” na Terra, por meio de instrumentos tecnológicos que podem ser usados para o bem e para o mal. Esta capacidade também aparece quando o homem passa a refletir sobre si, buscando a origem desta característica, então diversas teorias foram desenvolvidas por filósofos e estudiosos da mente humana para tentar explicar sua fonte.
Entre as teorias que reforçam o apego à matéria e a visão limitada de que o mundo material seria tudo que existe, há a teoria do Monismo, que afirma que o corpo e a mente são uma coisa só, e a teoria do Epifenomenalismo, que diz que a mente é algo que sobrevém do corpo. Em contrário a essas teorias, Descartes, novamente, traz a teoria do Dualismo, na qual o conceito de mente se aproxima ao de espírito, alma e pensamento. Segundo essa teoria, o espírito seria o pensamento, a atividade, e o corpo seria a passividade.
Considerando a visão materialista (e por vezes determinista) do homem durante esse processo de reflexão, seria difícil aceitar que mente e corpo seriam coisas distintas sem a devida prova. Assim, alguns questionamentos, à época, ficaram abertos, desacreditando a teoria do Dualismo, que seriam: como o espírito, algo originado do divino e ilimitado, seria limitado pelo corpo? E como duas substâncias diferentes se ligariam (Espirito [Mente] e corpo)?
Sabemos que teorias humanas dificilmente refletirão a realidade fora do mundo material, mas ao trazer a distinção entre corpo e mente, a teoria do Dualismo, criada no século XVII, torna-se a mais próxima das crenças espiritualistas, sendo confirmada e respondendo ao primeiro questionamento na questão 25 do Livro dos Espíritos, que traz: “O espírito é independente da matéria, ou não é mais do que uma propriedade desta, como as cores são propriedades da luz e o som uma propriedade do ar? São distintos, mas é necessária a união do espírito e da matéria para dar inteligência a esta.”
E como seria feita essa união de espírito e corpo? Cada ser humano possui sua “centelha divina”, sua origem divina, a parte que faz dele um pedaço de Deus: o Espírito. Ele tem uma faixa vibratória tão elevada que necessita de adaptações, corpos intermediários, para que possa atuar em um corpo físico. O Espiritismo unifica esse corpo intermediário e o chama de Perispírito. Mas, na Umbanda, trabalha-se com os sete corpos sutis, temos: o corpo físico, o duplo-etérico, o corpo Astral, o Mental Inferior, o Mental Superior, o corpo Búdico e o Corpo Átimico. Sendo o corpo Físico este que nos liga à terra: o corpo material. O Corpo Átimico, por sua vez, corresponde ao Espírito. Os outros cinco funcionam como elos para atuação do espírito na matéria quando encarnado.
Mas todo esse (pouco) entendimento sobre a mente ou espírito humano não nos permite deixar de observar seu aspecto mais importante: sua capacidade de criar. Se o Universo foi criado por Deus e o Livro dos Espíritos, em sua questão 23, define o espírito como “o princípio inteligente do universo”, dizendo que todos temos (e somos) este pedaço divino, os frutos de nossas mentes têm uma capacidade inimaginável, podendo tomar formas e possibilitar diversos resultados em nosso ambiente. Esse poder mental que possuímos é potencializado devido ao nosso corpo físico produzir mais energia do que produz um espírito desencarnado.
Assim, devemos ter os melhores pensamentos sempre. A busca pela reforma íntima é de extrema importância para reduzir a emissão de pensamentos ruins, combatendo o orgulho, vaidade, rancor, ódio e fazendo com que cesse a alimentação das fontes de energia negativas que as falanges do mal utilizam para realizar os seus trabalhos de vingança. Devemos ter a noção de que nossos pensamentos e vontades, aliados à caridade e ao amor ao próximo, têm grande poder, descrito nos ensinamentos de Jesus: “se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada vos será impossível”. Existe, portanto, pensamento mais forte que a fé?
A mente e os seus frutos serão melhores sempre que a bondade, a caridade e a fé estiverem presentes em nós, independente de religião ou crença: estaremos produzindo boas energias para nós e para aqueles nos cercam. Semeie bons sentimentos e cultive bons pensamentos, então colha paz, serenidade e amor.
Médium Thiago Lobo.