LUZ ANCESTRAL

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Talvez, durante o calor do atendimento recebido por um preto-velho, seja difícil apurar a sensibilidade e conseguir diferenciar, diante dos nossos olhos carnais, médium incorporado da entidade que presta o atendimento. Inclusive, nos momentos de dificuldade, é comum recorrermos mentalmente à imagem do próprio médium quando queremos pedir socorro ao preto-velho amigo. Grande engano! O médium é apenas o instrumento para a manifestação do espírito que, de boa vontade, desce à terra para dar o atendimento e deixar sua mensagem de conforto e paz. Aliás, uma das funções das imagens de entidades e santos utilizadas na Umbanda é exatamente essa: auxiliar na conexão mental com a entidade ou santo representado pela respectiva imagem.

Os pretos-velhos são verdadeiros magos do astral, e representam a sabedoria e a compreensão. São médicos da alma, curandeiros do coração, libertadores de consciências, professores do perdão. A história deles se resume, sem se esgotar, no aprendizado pelo sacrifício sob a tutela da resignação. A aparência de preto e velho remete à liberdade das dificuldades e dos vícios por meio da renúncia aos desejos egoístas e orgulhosos. Em outras palavras, transmitem a mensagem de superação e transformação moral. São espíritos vividos cujas experiências são fruto das batalhas de vidas passadas, e que aceitaram a oportunidade de trabalho para continuar sua luta pela própria evolução, colaborando também com a caminhada dos outros por intermédio de seu conhecimento e experiência, diferentemente do médium, que ainda tem um longo caminho a percorrer durante sua jornada evolutiva.

Com sua bondade, o preto-velho escolhe na terra um médium que possa lhe servir de instrumento para sua manifestação e que será agraciado com sua proteção e conselhos. Ai do médium indisciplinado que não se esforça em se corrigir ou apenas pensa no trabalho mediúnico como forma de atender aos próprios interesses! A bondade do preto-velho é tamanha que ele permite que seu cavalo tome uma queda apenas para que perceba os erros que comete e aprenda a se levantar. E se, mesmo assim, o médium não se acertar, o preto-velho parte a procura de outro instrumento de trabalho. Isso não quer dizer que o médium estará desamparado. Preto-velho continua vigiando e acompanhado, mesmo os filhos rebeldes. Porém, trabalho mediúnico é coisa séria e deve ser desenvolvido com qualidade por médium dedicado. E médium dedicado não é médium santo e, sim, comprometido e esforçado em lutar contra seus deslizes pessoais. Não se exigem santos para o trabalho do bem, mas sim pessoas verdadeiramente interessadas em modificar seus erros e defeitos. 

Já durante os atendimentos, há uma troca mútua entre o espírito e o consulente, mas há também uma troca especial entre o médium e o espírito incorporante: o preto-velho desce à terra para dar o seu atendimento e deixa um pouco da sua luz no médium. Dessa maneira, além das habituais limpezas, durante os atendimentos ocorrem verdadeiras libertações, não só do consulente, mas também do médium que serve de instrumento para o preto velho. Assim sendo, cada entidade aproveita da melhor forma a oportunidade que lhe é colocada à disposição para trabalhar. 

Pai Expedito do Congo,