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“Oxalá, meu Pai. Tem pena de nós. Tem dó. Se a volta do mundo é grande, Teu poder ainda é maior”.

Sua respiração era profunda e intensa, seu corpo manifestava dores que, até então, desconhecia, embora tivesse suportado tantas. Entre as alegrias por estar junto, a satisfação por todas as vezes que pôde oferecer o auxílio e transmitir tanto amor, também já havia experimentado muitos sofrimentos. Estar na Terra era mesmo uma grande missão e um enorme exercício. Privações físicas, frustações pela incompreensão, a tristeza pela traição... E se, por alguns instantes, o medo tentava chegar perto, sentia-se inundado por tamanha coragem, com tão forte serenidade, que o fazia resgatar a paz dentro de si. E seguir... sem dúvidas, valeria a pena. Elixir para todas as dores, trazia em seu coração a certeza de que cada segundo estava certo, tudo era perfeito, inclusive aquele momento. Eternizou-se na mensagem de amor ao próximo quando, de braços abertos, morreu na cruz. De mensageiro divino, eternizou-se como exemplo concreto da verdadeira fé. Não como sacrifício, mas, como caridade, doou a si mesmo pela humanidade. 

“Abre a porta oh gente que aí vem Jesus, Ele vem honrado com a força da cruz”.   

Prezado irmão, proponho que respire fundo. Sinta-se abraçado, receba toda luz, amor e paz. Peço licença para a humilde tentativa de imaginar o que poderia sentir Jesus ao vivenciar o sentido existencial para vir à Terra.  Com essa breve “imaginação”, no parágrafo acima, gostaria de convidá-lo a refletir sobre Oxalá, orixá cultuado em nossa Casa, na força de nosso Pai maior, que traz, no sincretismo com Jesus Cristo, grandes ensinamentos que nos inspiram a mais pura coragem e determinação para conduzirmos nossa jornada como seres em processo de aprimoramento, nesse mundo de tristezas e felicidades. “Como um pai misericordioso, que comanda este grande universo, nos dá a oportunidade de ir e vir através da reencarnação, quantas vezes for necessário. É nesse vaivém que nos transformamos em pessoas melhores, em verdadeiros filhos de Deus1

Em quantos momentos nos encontramos diante da sensação de que “a vida” é um enorme desafio? E quantas outras vezes também sentimos que “viver” representa parte de um objetivo maior: uma oportunidade de tornar-se algo melhor, ao superar as dificuldades que surgem a cada dia? Se, por um lado, nossos olhos veem o mundo como um constante exercício de superação; por outro, muitas vezes nos deparamos com um turbilhão de sentimentos, emoções e sensações que surgem como neblina ao longo de nosso caminho. Fato é que, diariamente, em meio às incertezas da vida, temos a oportunidade de nos conectarmos com algo capaz de nos impulsionar, a tentar mais uma vez e quantas forem necessárias. E que força é essa, fundamental para nos impulsionar a prosseguir nessa jornada, com altos e baixos, tão única e tão particular ao existir? Fé, um sentimento, uma sensação, uma ação com a certeza de que cada segundo está certo, inclusive este momento, para aprendermos algo melhor.  Essa é a força representada por Oxalá, é o orixá que “traz consigo a memória de outros tempos, as soluções já encontradas no passado para casos semelhantes2”. 

Ao compreendermos Orixá como energia que rege o universo, podemos entender que, muito além da materialidade do nome, da cor que o representa, das características atribuídas a seus filhos de cabeça, o seu principal sentido está no princípio que afirma, na sabedoria que representa e nos valores que confirma. Elementos capazes de verdadeiramente orientar o que externalizamos em nossas ações no dia-a-dia.  Nas intempéries da vida, encontramos a fé, como uma força capaz de nos conduzir e nos dar coragem de enfrentarmos nossas batalhas pessoais. Em sua essência, essa força é representada por Oxalá.  O equilíbrio das energias em sua essência e diversidade é fundamental na estrutura harmoniosa do universo. Assim, em sua representação mitológica, “Oxalá merece o respeito de todos por representar o patriarca, o chefe da família. Cada membro da família tem suas funções e o direito de se inter-relacionar de igual para igual com todos os outros membros, o que as lendas dos Orixás confirmam através da independência que cada um mantém em relação aos outros”.

 Como energia acolhedora e misericordiosa, Oxalá traz equilíbrio à vida, ao passo que nos permite liberdade para nossas escolhas frente ao que nos deparamos. “Orixá maior, responsável pela criação do mundo e do homem. Pai de todos os demais Orixás, Oxalá (Orinxalá ou Obatalá) foi quem deu ao homem o livre arbítrio para trilhar seu próprio caminho3. Faz parte de nossa jornada vivenciarmos mistos de sofrimentos e alegrias. Mas podemos rogar a Oxalá a energia inspiradora para nos fortalecer face às dificuldades que enfrentamos e às dores que nos desolam. Em sua missão de “ser humano em carne e osso”, Jesus nos mostrou da maneira mais concreta os ensinamentos que se propôs a transmitir: sabedoria da fé, a certeza de que vencer é uma questão de não desistir de tentar. 

Você sabia?

Saudação a Oxalá no ACVE: “Salve Oxalá. Salve todos os Orixás”

Animais: caramujo, pombo branco. 

Bebidas: água. 

Chacra: coronário. 

Cor: branco. 

Comemoração: Festa do Senhor do Bonfim. 

Comidas: canjica (talvez seja sua comida mais conhecida); arroz-doce. 

Contas: brancas leitosas. 

Corpo humano e saúde: todo o corpo, em especial o aspecto psíquico. 

Dias da semana: sexta-feira e domingo. 

Elemento: ar. 

Elementos incompatíveis: bebida alcoólica, dendê, sal, vermelho. 

Ervas: a mais conhecida talvez seja o tapete-de-oxalá (boldo). 

Essências: aloés, laranjeira e lírio. 

Flores: brancas, especialmente o lírio. 

Metal: ouro (para alguns, prata). 

Pedras: brilhante, cristal de rocha, quartzo leitoso. 

Planeta: Sol. 

Pontos da natureza: praia deserta ou colina descampada. 

Sincretismo: Deus Pai, Jesus Cristo (em especial, Senhor do Bonfim).

 

Você sabia que Oxalá também é sincretizado com Nosso Senhor do Bonfim?

 A devoção ao Senhor do Bonfim, em Salvador, destaca-se, no século XVIII, por uma promessa feita por um capitão de mar e guerra que, cumprindo-a, fez trazer uma imagem de Setúbal (Portugal). A imagem ficou na Igreja da Penha até 1754, quando foi transferida para a parte interna da Capela do Bonfim, que já estava pronta. A Festa da Lavagem do Bonfim é um ritual sincrético que remonta às chamadas Águas de Oxalá, celebradas especialmente no Candomblé, com ritual próprio.

 

Referências gerais: 

O livro essencial da Umbanda – http://cabana-on.com/Ler/wp-content/uploads/2017/08/O-Livro-Essencial-de-Umbanda-Ademir-Barbosa-Junior.pdf

Coletânea da Umbanda – Manifestação do espírito para a caridade - http://www.umbanda.com.br/phocadownload/livros/AS%20CORPORACOES%20ORIXAS.pdf

Caminhos de luz: apostolados afro-descendentes no Brasil - http://www.editora.vrc.puc-rio.br/media/ebook_caminhos_luz.pdf

Conhecendo os Orixás - https://www.curaeascensao.com.br/downloads/CONHECENDO_OS_ORIX%C3%81S.pdf

Oxalá - https://pt.scribd.com/document/250445280/Oxala-pdf

 

Oxalá - http://www.tuld.com.br/doc/oxala.

 

http://www.editora.vrc.puc-rio.br/media/ebook_caminhos_luz.pdf

2https://www.curaeascensao.com.br/downloads/CONHECENDO_OS_ORIX%C3%81S.pdf

3http://cabana-on.com/Ler/wp-content/uploads/2017/08/O-Livro-Essencial-de-Umbanda-Ademir-Barbosa-Junior.pdf