REFLETINDO SOBRE A JUSTIÇA DE XANGÔ

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Religiões de matriz africana rendem homenagem, no dia 30 de setembro, ao Orixá Xangô. Considerado Orixá da sabedoria, da política e da justiça, é sincretizado, não por acaso, com São João Batista, São Pedro e São Jerônimo, santos católicos ligados à Justiça Divina, especialmente, São Jerônimo, estudioso de retórica e oratória, artes peculiares aos profissionais que defendem, protegem ou intercedem em favor daqueles que necessitam, como os especialistas em ciências jurídicas, juízes, promotores, defensores e advogados.

         Falar sobre Xangô é, acima de tudo, discorrer sobre justiça e, principalmente, trazer uma reflexão sobre aspectos que definem a aplicação da Justiça Divina, nesse contexto, da Justiça de Xangô e da Justiça Terrena, em relação aos nossos atos.

         Quando problemas, tristezas e dificuldades nos afligem, recorremos, invariavelmente, invocando a intervenção da Justiça Divina na tentativa de aliviar o sofrimento por acreditarmos, na maioria das vezes, que não merecemos passar tudo que estejamos passando. Outras vezes acionamos a Justiça Terrena por meio de ações penais, cíveis, trabalhistas, etc.… sempre buscando aquilo que “julgamos” merecer.

         Será que, em algum momento dessa busca pela satisfação de nossos anseios, quando, por exemplo, pedimos a intercessão da Justiça de Xangô, lembramos que ela atua, em primeiro lugar, em nós mesmos, avaliando o quanto temos sido justos em nossa vida e com nossos semelhantes?

         Ou, ainda, será que fazemos essa reflexão quando demandamos por via judicial, com o intuito de processar algo ou alguém, considerando-nos “injustiçados”?

         Será que lembramos que o Senhor da Justiça pesa os prós e os contras em uma análise judicial e agirá de acordo com o merecimento de cada um?

         Certamente, não! Nossa irreflexão faz-nos enxergar apenas nossas necessidades, preocupações e anseios momentâneos, esquecemos que a justiça que buscamos será concedida de acordo com nossa necessidade e, acima de tudo, com nosso merecimento.

         Entender o funcionamento da “balança” de Xangô, um de seus símbolos, que expressa o equilíbrio do julgamento, implica compreender que aquilo que não estiver de acordo com a Justiça Divina será analisado e contabilizado em desfavor, no momento certo.

         Logo, precisamos nos conscientizar sobre a importância de avaliarmos diariamente nossos atos, lembrando que nosso sofrimento será proporcional ao sofrimento que por ventura causarmos aos outros, o que fazemos ou deixamos de fazer, inevitavelmente, repercutirá futuramente na construção de nosso destino. Então, devemos praticar a chamada resignação dinâmica, aceitando o destino como processo natural para nossa evolução, mas não deixando de buscar a melhoria de nossa condição a cada dia, em cada ato.  

 

         Que, ao invocarmos a proteção e a mediação desse Deus do Trovão, não esqueçamos que, quando Xangô aplica sua justiça, a retidão e a honestidade superam seu caráter arbitrário e que suas medidas, embora impostas, serão sempre justas!

Ler 669 vezes Última modificação em Segunda, 24 Junho 2019 18:45
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