É DIFÍCIL TRABALHAR NO TERREIRO?

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Dia desses fui abordada por um irmão que é consulente da nossa casa há muitos anos e, naquela semana, havia pedido ao Pai Leopold para fazer parte do corpo mediúnico da casa. A pergunta que ele fez foi: “é difícil trabalhar no terreiro?” Pedi para que ele explicasse melhor a dúvida e ele completou: “é difícil realizar o trabalho lá dentro? Porque é a primeira vez que entro para trabalhar e não sei por onde começar, parece que é tão difícil! ”

Entendi a indagação dele e isso me fez observar que essa é uma dúvida de muitos irmãos que, estando na consulência, veem o trabalho acontecer, desdobrado em inúmeros rituais, saudações, com manipulação de diversos materiais, como os marafos e fumos diferentes para cada entidade e em ocasiões também distintas. Veem os diversos tipos de incorporação e todo o processo mediúnico acontecendo à sua frente, mas não sabem como deveriam agir se estivessem do lado de lá, trajando o uniforme branco.

Isso tudo parece, de fato, um trabalho muito difícil, mas não é. Na verdade, essa é a parte mais fácil. Estamos preparados para ela. Só precisamos querer. Precisamos estar lá de coração aberto para servir onde for necessário e com a mente disposta para aprender, pois cada gira nos traz novos e valorosos ensinamentos, que serão extremamente úteis no dia a dia. Além disso, existem tantos irmãos que podem ajudar a direcionar o neófito, que percebemos: aqui, não estamos sozinhos! Com uma corrente unida, somos fortes e conseguimos realizar o trabalho de caridade. Além disso, temos apostilas e livros que orientam bastante nesse começo.

Entendo que as reais dificuldades que enfrentamos ao começar a trabalhar mediunicamente envolvem, por exemplo, o compromisso com a nossa reforma íntima, nosso comprometimento com a disciplina e com os estudos que nos tornarão melhores aparelhos à disposição da espiritualidade amiga, nosso trato conosco mesmo, com as pessoas ao nosso redor e com o meio ambiente.

A Umbanda nos ajuda muito! Abre nossos caminhos em diversos aspectos. No entanto, nada é de graça e o preço que pagamos para manter a balança em equilíbrio pode ser penoso, mas, graças à misericórdia divina, é totalmente benéfico para nós. Digo penoso porque dói enfrentar nossos medos e piores defeitos, bem como policiar nossos instintos primitivos em prol de uma renovação de valores e adoção de comportamentos mais compensadores ao nosso Eu Divino.

Dói ver pessoas queridas se afastando por não mais existir certa afinidade que outrora fora tão evidente. E não para por aí, pois somos testados diariamente em nossa fé, em nossa humildade de fazer o bem sem reconhecimento, em nossas vaidades.

No entanto, mesmo que seja uma caminhada difícil, ela compensa! E o mais importante: não ficamos inertes nesse mundo em que há tanta carência de obras cristãs, porque não basta nos abstermos de fazer o mal. Nós temos que fazer o bem! Por isso, o nome da nossa casa é AÇÃO CRISTÃ Vovô Elvírio.

O trabalho mediúnico nos proporciona a energia necessária para superarmos nossas crises da melhor forma possível. Ao viabilizar a mensagem de um guia espiritual, um pouco daquele ensinamento fica registrado em nós. Ao estudar as obras psicografadas por Chico Xavier e Allan Kardec, por exemplo, despertamos em nós a chama do amor e a consciência de que somos protagonistas de nossas vidas. Ao facilitarmos um trabalho de puxada, aquele choque anímico nos ajuda a desprendermo-nos de sentimentos contrários ao bem e enraizados em nós, oportunizando-nos um recomeço mais favorável emocionalmente.

Portanto, convido a que nos dediquemos a aproveitar melhor o presente que é conviver entre irmãos e com espíritos tão elevados que se doam muito por nós, movidos pelo sentimento de amor puro. Eles não nos deixam sozinhos nunca!

 

Ademais, pensemos no trecho do poema A Fazenda, do livro Cartilha da Natureza, de Casimiro Cunha, psicografado por Chico Xavier: “Rico ou pobre, fraco ou forte, não te entregues à inação, que a vida é a fazenda augusta guardada na tua mão”.