RITUAIS DE UMBANDA

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As religiões existem desde que o homem necessitou de uma forma para entrar em contato com o Divino. Seja ela monoteísta (culto a um Deus único) ou politeísta (culto a vários Deuses) toda religião traz, em maior ou menor proporção, rituais. Sejam eles difundidos ou secretos, cada religião possui sua forma de se religar a(os) Deus(es).

O ritual não é uma característica exclusiva das religiões, eles são parte do nosso cotidiano, pois, por muitas vezes, fazemos coisas rotineiras de formas sequenciadas para ter praticidade e atingir um propósito: economizar tempo, ter mais eficiência ou eficácia em algum objetivo... Outros grupos não religiosos possuem rituais como forma de gradualmente ir inserindo membros, progressão de cargos ou postos. No dicionário são definidos como “conjunto de atos e práticas próprias de uma cerimônia ritualística”; ou “conjunto das regras socialmente estabelecidas, que devem ser observadas em qualquer ato solene”. Associado ao termo rito, uma das definições seria “série de procedimentos invariáveis na realização de determinada coisa; costume, hábito”.

E um dos termos que mais é associado a rituais é “magia”. Muitas vezes associada apenas à finalidade no mal, ela sempre traz lembranças de símbolos, velas, livros, palavras não compreensíveis, tudo com uma sequência lógica que apenas os “bruxos” sabem para fazer o que eles querem. Cabe ressaltar que a magia, por si só, é neutra. A intenção de quem a executa é que determina se será utilizada para o bem ou para o mal.

A umbanda, religião cristã, fundamentada na manifestação do espírito para prática da caridade, utiliza a magia somente para a prática do bem. Não existe centro, terreiro ou médium que possa se dizer umbandista e pratique algo diferente da caridade. E, por ser uma religião que utiliza essa ferramenta, possui seus rituais. Mas a umbanda, diferente de muitas religiões, não é codificada. Quando é realizada uma missa, existe um padrão nas igrejas Católicas, por exemplo, que, por um detalhe ou outro, são uniformes durante a sua execução.

Nas casas de umbanda, isso não acontece. Cada local tem sua ritualística definida pelos seus dirigentes espirituais que, junto dos dirigentes encarnados, orientam e constroem os rituais para a prática de trabalho na caridade. Existem diversas variações como nas firmezas, passes, saudações, na curimba (algumas não possuem, outras não utilizam atabaque), nos pontos riscados, nas linhas e nos orixás que são cultuados, na utilização de outros elementos (fumo, velas, bebidas). Consideremos, também, que Umbanda é formada pelo sincretismo de diversas doutrinas e religiões, como o Espiritismo, o Catolicismo, o Candomblé, a Pajelança, cultos indígenas, orientais.... Há elementos que são utilizados conforme a necessidade dos espíritos que ali frequentam, para serem amparados e evoluírem.

Por exemplo, o ACVE possui, na sua constituição, grande influência da doutrina espírita, o que pode ser observado na prática da leitura e comentário do Evangelho Segundo o Espiritismo, da realização de prece de abertura e encerramento dos trabalhos, bem como do estudo da literatura espírita. Esta característica não é comum a todos os terreiros de Umbanda.

 

Exercer a caridade é o único e principal ritual umbandista. Fundamentados na fala do Caboclo das Sete Encruzilhadas: “... todos serão ouvidos, e nós aprenderemos com aqueles que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e a nenhum viraremos as costas e nem diremos não...”. E com a certeza da presença de Jesus, pois “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18:20).