INCORPORAÇÃO DE ESPÍRITOS DE SEXO OPOSTO

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A Espiritualidade é fantástica, pois se apresenta de maneira muito objetiva e lógica em nossas vidas, principalmente quando nos referimos à orientação dos nossos irmãos do outro campo dimensional.

A diversidade de espíritos que se utilizam de roupagens para se apresentarem em nosso corpo carnal é vasta... Caboclos, pretos-velhos e linhas auxiliares utilizam forças energéticas, como as dos Orixás, e compõem um mecanismo mais que perfeito para nos orientar a praticar o bem comum para o equilíbrio da vida em si.

O bem, o mal; a luz, a escuridão: equilíbrio constante em todos os aspectos. Assim, não seria diferente com a maneira dos espíritos se apresentarem.

A faculdade mediúnica de incorporação é um dos manifestos da espiritualidade, que traz vários questionamentos, mas, acima de tudo, esclarecimento sobre nossas limitações.

Vejamos um médium que recebe a benção de uma incorporação de um espírito de luz (de uma preta-velha, por exemplo). Ele, em seu campo carnal, na forma masculina, se fazendo instrumento do respectivo espírito que se manifesta em forma feminina.

Aos olhos de nossa limitação, nos apegamos ao preconceito. Muitas vezes, a mediunidade daquele médium é questionada por nossa falta de conhecimento e entendimento sobre aquela situação.

Não podemos esquecer jamais que o próprio Cristo utilizava mecanismos inteligentes, para se comunicar de forma mais objetiva, levando o ensinamento de luz àqueles que necessitavam da palavra de amor e bem comum (as famosas parábolas).

No campo astral, a questão da identidade de gênero de cada ser é diferente: é fluida em sua forma de manifestação. Isso porque ela é impactada pela necessidade que o espírito tem ao reencarnar. Assim, o espírito pode reencarnar ora em corpo masculino, ora em corpo feminino. Essa mutabilidade existe como alternativa para o progresso do ser. Além disso, essa identidade pode ser mais ou menos depurada a depender do grau de evolução do espírito.

Porém, no campo carnal, necessitamos da materialidade para absorvermos verdadeiramente a mensagem. Por exemplo: conselho de um preto-velho para um pai ou para uma mãe sobre a família; um conselho de uma preta-velha ou um trabalho, uma reza, a manipulação de ervas para a cura de uma pessoa; a manipulação de marafo e fumo de um Exu para a libertação de espíritos obsessores; ou a entrega de um doce, dado por um espírito de uma criança, para o tratamento de um encarnado. Enfim, verdadeiramente, nós encarnados precisamos ver para crer.

Essa é uma das nossas maiores fragilidades, que compromete inclusive nossa fé. Às vezes, quando não há materialidade, não há crença e, se não há crença, pode não haver efeito sobre o que é feito por nossos orientadores espirituais.

Não existe nada que interfira na sexualidade de um indivíduo encarnado, a não ser suas próprias decisões. Assim, quando um médium incorpora um espírito que se apresenta com uma roupagem na forma oposta de seu gênero sexual, isso, na verdade, não faz diferença alguma sobre a vida do médium, a não ser os ensinamentos que aquele espírito orientador tem a oferecer.

Os espíritos não têm a necessidade de utilizarem objetos físicos para que sua manifestação de incorporação seja potencializada, como um homem vestir saia, uma mulher vestir terno, etc.

A grande verdade é que essa “necessidade” vem do encarnado, para que seja, de alguma maneira, tratado, para que seu modo de pensar seja trabalhado. A limitação de entender que o campo espiritual necessita apenas de sua fé, de sua mudança e de seu equilíbrio interior.

É claro que o consulente, esse sim, tomado por suas dúvidas, dores, angústias, dentre outros quadros de desequilíbrios espirituais, necessita ser abordado algumas vezes por mecanismos que o tratem de maneira mais convincente.

E a espiritualidade utiliza um mecanismo lógico que é o arquétipo. Esse conceito foi explicado, inclusive, por um discípulo de Freud, Carl Gustav Jung, que tratou o assunto fora da seara espiritual, definindo-o como uma conjunção de imagens primordiais originadas de uma repetição progressiva de uma mesma experiência durante várias gerações.

Enquanto o médium se preocupa com vestimentas, apetrechos, ou o pior, com seu preconceito sobre essa tangente, seu processo de absorção da mensagem dos nossos queridos irmãos do campo espiritual se torna dificultoso. Portanto, abra sua mente, procure estudar profundamente a verdadeira essência da espiritualidade, da Umbanda, que é a massificação da mensagem do criador, o amor, o respeito, a caridade, a luta contra o preconceito, a fraternidade de modo geral, seja ela familiar ou social.

Antes de limitar o trabalho do seu irmão guardião, quando se apresenta de roupagem oposta ao seu gênero sexual, procure se entregar à orientação espiritual, seja um instrumento de fé, de luz e de respeito à luz divina.

Você, homem, que está tendo a benção de ser utilizado como instrumento (“ser um cavalo”) para um espírito que se apresenta com a roupagem de uma preta-velha, de uma pomba-gira ou de uma cabocla, provavelmente, está sendo tratado sobre a necessidade da vibração do sexo feminino (energia poderosíssima), como oportunidade de aprender a lidar com a vida de forma mais sensível e inteligente.

Você, mulher, que está sendo usada como instrumento, sob a influência de um caboclo, de um exu ou de um preto-velho na forma masculina, provavelmente, esse espírito irmão esteja com a missão de lhe trazer a energia masculina, dando-lhe forças para conduzir sua vida de forma mais aguerrida nesse momento.

Em resumo, isso mostra a sabedoria da manifestação dos espíritos na nossa Umbanda, que busca gerar o equilíbrio.

Como Alexandre Cumino ensina, Nós somos Umbanda, como um todo, mas a Umbanda não se resume em nós, ela é algo muito maior, mais amplo, mais completo – Umbanda é vida”.

Eu tenho a honra de ser “cavalo” de uma preta-velha (Vó Sianinha), para me tratar todos os dias, mas principalmente aos sábados, momento em que me coloco disposto a ser instrumento dela por caridade aos irmãos consulentes.

Meu testemunho de vida com essa experiência ocorreu quando Pai Leopold (nosso dirigente espiritual) orientou-me a trabalhar no atendimento de nossa casa com uma preta-velha. A primeira coisa que fiz foi providenciar a saia dela, também por orientação do nosso dirigente. Esse processo foi possível e de fácil aceitação para mim, devido à experiência anterior de ter sido cambono de Vó Candinha (que se utiliza do Irmão Luciano Carneiro, de nossa corrente). Quando o vi incorporado pela primeira vez, foi um dos momentos de maior “rasteira” na minha vida, pois fui surpreendido com enorme sensibilidade, carinho e amor. Vejam aí a força feminina, já mencionada acima.

Imaginem eu (completamente desconhecedor do assunto) me deparar com um médium do sexo masculino, enorme, utilizando avental, lenço na cabeça e falando como uma senhora bem velhinha? Isso foi transformador na minha vida e, a cada gira em que eu me deparava com aquele cenário, só vinha um pensamento à mente: “preciso estudar e ser menos preconceituoso”!

Hoje acho engraçado quando vou me preparar para a Vó Sianinha fazer seu trabalho de atendimento. Sempre me deparo com olhares curiosos, carinhosos, respeitadores.... Contudo, a verdade é que, a cada momento em que visto aquela roupa, sei que, no fundo, não preciso dela, pois vó Sianinha cuida de mim todos os dias. Independentemente de sexualidade, o que importa para ela é meu crescimento espiritual, minha vontade de tentar ser um homem melhor para minha família e meus amigos.

“Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, graças a Deus.”

Vó Sianinha

Desejo a todos muitas bênçãos, amor, saúde, pois tenho, pela casa e por todos os meus irmãos e dirigentes, muita gratidão!

Paz e Bem!