DEIXE DE LADO O SEU PRECONCEITO

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Desconfie dos mestres de um livro só. É sério. Eles existem. São pessoas que se acorrentam em apenas uma verdade. OK, não é possível aprender tudo o que há na imensidão do universo. Mas vamos concordar que, para julgar ou falar sobre algo, é preciso, ao menos, procurar compreender com o mínimo de dedicação. A verdade é que, inconscientemente, sempre procuramos atender ao nosso “viés de confirmação”. Ou seja, optamos, preferencialmente, pelo conteúdo que confirma nossas verdades e crenças. Descartamos ou damos pouca atenção àquilo que nos contradiz ou que põe em xeque as nossas certezas. E isso está na natureza humana.

O problema é que, dessa forma, ficamos acorrentados aos mesmos conceitos e padrões. Com o advento da revolução digital e da popularização das redes sociais com seus contestáveis algoritmos, o risco de se ficar preso em uma bolha é ainda maior. Surge, assim, o preconceito. Negros, mulheres, crianças, índios, ciganos, pobres, entre outros, infelizmente ainda são mártires dessa crueldade. Há também o preconceito religioso. E desse mal, a umbanda também é vítima. Macumbeiro! Esse é um dos termos depreciativos utilizados. Ah! Se soubessem o que é macumba*.  Se soubessem ainda que o mal está nas pessoas, e não na cor da pele, status social ou religião. A maldade está ainda no veneno que a língua destila. De uma certa maneira, sempre somos alvo de algum tipo de preconceito. Da mesma forma, desapercebidos, somos preconceituosos em vários aspectos da vida. Julguemo-nos a nós mesmos. Só não ponhamos a culpa nas crenças ou religiosidade alheia. Conheçamo-las.

A Umbanda é uma religião brasileira, voltada para a caridade e a compreensão do próximo, e, em sua essência, está a marca do combate ao preconceito. É uma religião cujos fundamentos bebem da fonte da miscigenação brasileira. Ela não possui codificação, haja vista que muitos de seus preceitos são derivados da tradição oriunda da diversidade cultural do Brasil. Ervas, banhos, rezas, músicas e muitos outros costumes fazem parte do repertório da Umbanda.  Seja na importância que os índios destacam acerca da influência da natureza em nossa vida ou no fervor da prece ao santo padroeiro, fruto do sincretismo, a Umbanda representa a pluralidade de consciência espiritual. Mas a grande questão é que a Fé é o conforto da alma. E cada um encontra, em alguma crença, esse fruto que alimenta o espírito e preenche o coração. Ela é capaz de transformar o ser e impulsioná-lo ao progresso. Infelizmente, ela não faz isso sozinha. Sempre é preciso que o indivíduo se disponha a compreender melhor aquilo que é necessário para o seu aprimoramento moral.

Kardec escreveu: “o homem que julga infalível a sua razão está muito próximo do erro”. Por isso, não se apegue apenas a este texto. Há muitas outras coisas maravilhosas para aprender sobre a Umbanda. Ou, quem sabe, você possa dedicar-se um pouco mais a aprender sobre o Catolicismo, Espiritismo, Pajelança, Ateísmo, universo, preconceito, algoritmos, “viés de confirmação”, ou buscar informações sobre qualquer coisa que você tenha lido aqui, ou sobre aquilo que te faça feliz. Reduza os riscos de cair na ignorância do preconceito. E, por favor, não seja um mestre de um livro só.

 

 

*Macumba: substantivo feminino:

1.               MÚSICA: antigo instrumento de percussão de origem africana, que era outrora usado em terreiros de cultos afro-brasileiros.

2.               RELIGIÃO: designação genérica dos cultos afro-brasileiros originários do nagô e que receberam influências de outras religiões africanas, e tb. ameríndias, católicas, espíritas e ocultistas.