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A anunciação da Umbanda foi feita através da manifestação do Caboclo Sete Encruzilhadas pelo médium Zélio de Moraes. A linha de caboclos é, originalmente, um dos pilares da Umbanda, regido pelo Orixá Oxossi. Representa o trono do conhecimento que procura doutrinar, fixar, disciplinar, concentrar e expandir as energias necessárias para o trabalho dessa linha.

Os caboclos se apresentam como índios, não necessariamente por que viveram como indígenas ou povos primitivos em encarnações anteriores, mas sobretudo pela afinidade de trabalhar sob o conceito de generosidade com a natureza, sob o conceito de fraternidade e cooperação, força e disciplina. Muitas vezes, os clarividentes veem essa forma de índio pela vontade do espírito manifestado como caboclo para um melhor entendimento do trabalho que será realizado.

Os nomes das entidades revelam muito sobre a forma de trabalho daquele espírito: da sua regência de um orixá, da sua irradiação de outras forças divinas e naturais, da sua ligação a uma falange e até com que forças da natureza trabalha. Esses nomes não são os nomes de batismo, e pouco importam, pois, as entidades trabalham independente de ego, ou personificação. Portanto, quando escutamos o nome de um Caboclo Sete Cachoeiras, podemos deduzir que esta entidade trabalha na Regência de Oxossi, pois todo caboclo é regido por este orixá; e irradiado pela energia de Oxum (por causa da Cachoeira) com capacidade para trabalhar nas sete linhas da umbanda.

É comum encontrar nomes de caboclos associados a determinados orixás. Como Caboclo Pena Branca associado a Oxossi, Caboclo Arco Íris associado a Oxumaré, Caboclo Sete Espadas associado a Ogum etc.

Inúmeros espíritos trabalham dentro de uma falange. Encontramos nomes de caboclos iguais em diferentes casas, e até mesmo dentro de uma mesma casa. Por que disso? Por que as entidades são diferentes, mas podem trabalhar sobre a orientação energética de uma falange só. Assim, os médiuns A, B e C podem trabalhar com o Caboclo Sete Estrelas; essas três entidades são distintas e todas trabalham sobre a vibração da Falange do Caboclo Sete Estrelas.

O ponto de força dos caboclos na natureza é a mata. De lá eles buscam o prana, ectoplasma das plantas, para os trabalhos nas casas de umbanda, para benefício de toda a corrente mediúnica, dos consulentes e de outros trabalhos espirituais no mundo astral. A energia das matas estimula a evolução dos seres, é purificadora do nosso organismo, uma radiação positiva que energiza, purifica e cura. Os Caboclos podem usar outros pontos de força na natureza de acordo com a sua atuação: Um Caboclo Arranca Toco é regido por Pai Oxóssi, como Caboclo, e atua na irradiação de Pai Ogum e Pai Omolu, e trabalha também com os magnetismos das matas, dos caminhos e dos campos-santos.

No ACVE a atuação dos caboclos ocorre a todo momento, no riscar do ponto de abertura, na firmeza da curimba, nos atendimentos, na linha de passe, no ritual de compromisso do médiun, nos trabalhos de mata. Com o uso de charutos, vinho branco, penachos, chocalhos, velas, pembas e fitas estalam os dedos das mãos dos médiuns, para ativar os chacras dos consulentes, absorvem com a mão esquerda, irradiam e energizam com a mão direita; têm grande conhecimento do reino vegetal e autorização para manipular ervas de todos os Orixás.

No trabalho com o caboclo é necessário do médium muita seriedade, sobriedade, humildade e conhecimento. Com a contínua incorporação, cada Caboclo vai aos poucos trabalhando a energia do médium, que aprende disciplina, ordem, falar somente o necessário, ser discreto, simples, trabalhar com ervas e pedras, conhecer sua própria força. Aprende a importância do ritual, a ajudar o irmão que sofre, a suportar as aflições com resignação, fortalecendo seu íntimo e sua estrutura psíquica, capacitando-se para encarar a vida com harmonia.

Sobretudo depois do compromisso com o caboclo, do médium será exigido retidão de comportamento, não só no trabalho com o caboclo; e sim dentro e fora do terreiro a todo o momento; já que os laços com os médiuns são estreitados depois daquele ritual.

Trabalhar com a energia do caboclo em uma casa umbandista significa emanar muita saúde, disciplina, persistência, com foco na essência do trabalho e no autoconhecimento de todos beneficiados. Pois o autoconhecimento é a libertação para a consciência de como proceder com a reforma íntima, e consequentemente desfrutar da lei do progresso de Deus.