LIVRE ARBÍTRIO

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Quando iniciamos os estudos sobre o espiritismo ou até mesmo alguma leitura pontual sobre espiritualidade, em boa parte das vezes, é encontrado o tema livre arbítrio. Tema recorrente e argumento utilizado como fundamento de outros temas relativos ao ciclo do espírito no universo, como para justificar o que é o Karma ou os motivos de provas e expiações que estivermos passando.

Na questão 843 de O Livro dos Espíritos encontramos: “O homem tem livre-arbítrio nos seus atos? R: Pois que tem a liberdade de pensar, tem a de agir. Sem o livre-arbítrio, o homem seria uma máquina”. Desse modo, a origem de todos os problemas durante o caminhar evolutivo passará pelos nossos atos. É por meio da liberdade de pensar e agir que cada espírito produz suas experiências e modela sua personalidade, uma vez que as experiências são consequências dos seus pensamentos e atos. Assim, o processo evolutivo é a busca para encontrar a força criadora que passa por aprender a lidar com as diversas camadas materiais, expiando e expurgando os erros cometidos através do aprendizado do amor.

Então, o livre arbítrio é a causa e a solução dos diversos tropeços na caminhada espiritual. Ele proporciona diversas formas de errar e corrigir estes erros. A liberdade deste conceito é a demonstração da centelha divina que cada espírito carrega. Assim como não existe limite para a força criadora do universo, ou Deus, também não há limites para o pensamento. Mas as limitações de conhecimento, o estágio evolutivo e o invólucro material mais denso limitam essa capacidade que aflora e expande conforme o espírito caminha evolutivamente.

Entretanto, apesar de todo esse potencial, o aprendizado na matéria é uma luta dura e árdua. Muitos desperdiçam tempo e encarnações em busca de coisas materiais e de fazer justiça conforme seus julgamentos. Esquecem os ensinamentos de amor e fraternidade do Cristo e dedicam-se a praticar males ou apenas passeiam na matéria como em uma viagem de trem: sentados, observando o que passa na janela.

Deus, em seu amor imenso, não nos pune além do reparo de nossos atos. E mesmo aqueles que cometem atos graves não retroagem em sua caminhada evolutiva. Eles apenas reduzem seu estado vibracional, adormecendo aos poucos a sua “forma” mais evoluída, conforme continue a atrair e praticar males; mas pode retornar ao seu estado normal saudável, conforme desperte para o reparo de seus atos e dos sentimentos e pensamentos que necessita para retomar sua caminhada evolutiva.

Então, aos olhos divinos, no caminho da evolução, aqueles que praticam mal ou não produzem o bem estacionam. Aqueles que buscam amar ao próximo conforme os ensinamentos do Cristo irão continuar evoluindo. Melhor dizendo: no caminho espiritual, ou você caminha aprendendo a amar, na caridade, e evolui, ou você fica parado no caminho até se adequar para a caminhada evolutiva. Se assim é o caminhar e o propósito espiritual para todos, o livre arbítrio realmente existe?

No estágio evolutivo atual da Terra, sim, ele existe. Ele é a maior prova do amor do criador com seus filhos. O caminho de crescimento, de evolução, é o mesmo para todos. Não importa a forma, nem qual será a caridade feita ou para qual grupo você irá se dedicar a auxiliar. O ato de amar é único e ele que impulsiona a evolução do espírito. A forma que o espírito aprenderá para poder evoluir é que passa pelas escolhas feitas durante toda existência espiritual.

Por outro lado, mesmo escolhendo se contrapor ao amor, Deus não permite que o espírito regrida na sua evolução, ele apenas estaciona. Criando raízes conforme os erros cometidos. Raízes estas que, quando retomada a caminhada, deverão ser retiradas, expiando e reparando os erros cometidos, não necessariamente da mesma forma que foram praticados. E até mesmo àqueles que muito insistem em não caminhar, Deus proporciona outras formas de criar consciência, como através das dores (sempre nos limites do merecimento) ou até no exílio em outro planeta com missão de auxiliar sociedades menos evoluídas do que aquela em que o espírito viva.

O livre arbítrio é a liberdade de pensar e de agir. De escolher a forma, o tipo, o modelo, o jeito de evoluir. Para Deus, o que conta não é como será a evolução do espírito. Ele apenas deseja que cheguemos lá, no final da trilha da evolução. A caminhada cada um a faz à sua maneira. Com altos, baixos e tropeços. Mas sempre para frente. Sempre em busca de amar.