ESTIGMAS KÁRMICOS FÍSICOS E PSÍQUICOS

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LEI NATURAL/DIVINA

 

Vamos começar com algumas definições básicas:

“Karma”, palavra que tem origem no sânscrito, significa, em resumo, “ação”.

“Estigma”, grosso modo, pode ser entendido como uma “marca”, ou “cicatriz”, numa acepção mais específica do termo.

“Lei Natural/Divina”, na questão número 614 do Livro dos Espíritos, foi definida da seguinte forma: “A lei natural é a lei de Deus. É a única verdadeira para a felicidade do homem. Indica-lhe o que deve fazer ou deixar de fazer e ele só é infeliz quando dela se afasta”. (grifo nosso)

Dito isso, vamos lá!

Fazemos parte de uma realidade muito mais ampla do que somos capazes de conceber. O estágio atual de nossas consciências ainda é muito limitado não apenas para compreendermos a realidade como um todo, mas também para nos percebermos. Não temos real consciência de quem somos em meio a essa realidade que desconhecemos, nem das potencialidades que nos são inerentes.

Muitos de nós crescemos ouvindo a afirmação “Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança”. Aí a confusão está feita, pois, sendo Deus perfeito, essa afirmação parece, por vezes, uma propaganda enganosa, de tão distantes que estamos de compreender nossa verdadeira essência.

O Criador, em Sua infinita sabedoria, nos deu a possibilidade de sermos agentes do nosso desenvolvimento ao nos fazer perfectíveis – ou seja, com a inata capacidade para o autoaprimoramento e com todas as virtudes e habilidades em potencial gravadas no nosso íntimo – e ao nos conceder o livre arbítrio – nos dando a liberdade de realizar escolhas ao longo do caminho.

Inscreveu Suas Leis em nossas consciências, tornando-nos centelhas divinas. Assim, cada um de nós carrega dentro de si capacidade infinita de evolução e, ao longo da caminhada, nossa tarefa é buscar acessar o divino em nós, aprendendo com os erros e acertos, desenvolvendo as habilidades e virtudes que, em potencial, já possuímos.

Essa busca é mais leve ou mais dura, a depender do quanto nos guiamos pelas Leis Divinas e do quanto delas nos afastamos ao escolhermos as ações que praticaremos e os pensamentos que cultivaremos.

Os parâmetros têm sido dados por meio de grandes missionários ao longo da história da humanidade e, atualmente, temos Jesus Cristo como modelo principal a seguir, que resumiu a Lei Divina em dois pontos principais: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.

Quando nossas escolhas não se baseiam nesses ensinamentos, acabamos por agir de forma a nos distanciarmos de nossa verdadeira essência e acabamos por interferir negativamente na vida de outros companheiros de jornada.

Acontece que toda ação (karma) positiva ou negativa que praticamos fica gravada em nossas consciências, em nossos corpos sutis, como marcas (estigmas) que, na existência atual ou em outras encarnações, se manifestam seja no corpo físico ou no campo psíquico, de acordo com a natureza da ação praticada.

Quando a ação praticada nos distancia da essência de puro amor da qual fomos feitos, temos a sensação de culpa, de dívida, de erro, à medida que tomamos consciência desse distanciamento. A dor e o sofrimento acontecem porque o caminho de volta, de ajuste à verdade, requer o reconhecimento e a análise das consequências das escolhas equivocadas.

Muitos diriam “é a Lei de Ação e Reação”, compreendendo-a praticamente como uma Lei de Talião (feriu, agora será ferido), num entendimento que nos daria a ideia de um Deus sádico e contrariaria a concepção de que o Pai Maior é Todo Amor e Bondade.

O indivíduo, então, na caminhada de aperfeiçoamento da vida, ao começar a tomar consciência da gravidade das consequências de determinadas ações, guarda, por vezes de forma muito intensa, as imagens e sentimentos dos atos praticados, presos em sentimentos muito fortes de culpa, porque todo pensamento e toda ação geram imagens astrais ou formas-pensamento. Alguns, mesmo desencarnados, chegam a sentir as dores que provocaram em outras pessoas, tão fortes podem ser essas imagens e sentimentos retidos.

Esses sentimentos podem se arraigar nos corpos sutis de tal forma que se manifestam no corpo físico como doença ou como perturbação no campo psíquico. Por isso, no estudo da apometria¹, temos os estigmas kármicos físicos e psíquicos classificados como processos auto-obsessivos².   

Ao nos criar perfectíveis, o Pai Maior, em Sua infinita Sabedoria e Misericórdia, com certeza sabia que, por vezes, nos afastaríamos da Lei de Amor e, no karma (ação), e não no sofrimento, nos concedeu a alternativa de voltarmos ao caminho em busca de nós mesmos, de nossa verdadeira essência.

O sofrimento é fruto de nossas escolhas e faz parte da caminhada como instrumento para nos auxiliar na reflexão que nos reconduzirá à busca do autoconhecimento.

A ação no bem, o karma bem empregado, a escolha de utilizar o tempo e concentrar a mente e as habilidades em atividades produtivas – que gerem conhecimento, progresso, auxílio a outras pessoas, autoaprimoramento, produzem energia e formas-pensamento positivas que tanto auxiliam o indivíduo a libertar-se dos estigmas kármicos por ele criados – constituem o meio que a vida nos confere para seguirmos buscando o desenvolvimento das potencialidades que nos são inerentes, como centelhas divinas que somos, certos de que o ápice desse desenvolvimento é a capacidade amar incondicionalmente.

1apometria: o termo Apometria vem do grego Apó – preposição que significa além de, fora de, e Metron – relativo a medida. Representa o clássico desdobramento entre o corpo físico e os corpos espirituais do ser humano. Não é propriamente mediunismo, é apenas uma técnica de separação desses componentes (Disponível em: https://hugolapa.wordpress.com/2012/11/09/apometria-definicao/).

        2processos auto-obsessivos: nesse tipo de obsessão, o indivíduo é o causador de sua desarmonia.